Estamos completamente enganados quando pensamos que brinquedos dispendiosos podem fazer uma criança feliz. (Maria Montessori Speaks to Parents,p.19)
O ato de brincar é espontâneo no ser humano. Desde muito cedo observamos uma criança brincando com suas mãos, com seus pés vocalizando, amadurecendo a capacidade de emitir seus próprios sons. Brincar tem grande importância no desenvolvimento infantil. Quando brinca, a criança está se descobrindo, entrando em contato consigo mesma e com o mundo à sua volta.
A brincadeira estimula a criatividade, a imaginação, a linguagem, o desenvolvimento cognitivo. Brincar traz lucros inimagináveis para a criança, uma vez que o brincar gera movimento. O movimento é fator indispensável para o crescimento físico, mental e emocional equilibrados.
Interessante destacar que a criança não exige muito para brincar. Sua capacidade imaginativa e criativa é muito grande. Basta lhe oferecermos algumas caixas ou potes vazios que ela descobre inúmeras formas de “brincar” com eles. Empilha, tampa, destampa, organiza em fileiras, separa por cores... Tudo é muito divertido.
O brincar da criança é o primeiro processo de desenvolvimento cognitivo espontâneo. Ela se auto ensina, faz descobertas, estimula seus sentidos. São experiências ímpares que devem ser permitidas e estimuladas. Como ensinou a Dra. Maria Montessori, a criança é seu próprio mestre.
Como falamos acima, a criança brinca sozinha, num processo espontâneo gerado pela sua curiosidade. No entanto, não podemos olvidar a importância das brincadeiras em família, em grupo.
Sendo a família seu primeiro grupo social, é nela que ela terá oportunidade de participar das primeiras brincadeiras. São as brincadeiras de esconder-se para ela “achar”, brincadeiras cantadas, cirandas, momentos de histórias da memória familiar, ou folheando um livro bem ilustrado, brincar de fazer mímica, dançar juntos, brincar de modelagem (até mesmo com miolo de pão é divertido), desenhar, pintar. Esses momentos compartilhados são indispensáveis para o desenvolvimento de sua auto estima.
Havendo oportunidade de passear a pé, ao lado de uma criança, pode-se perceber sua curiosidade por tudo o que vê. Ela adora catar pedrinhas ou folhas caídas pelo chão. Isso é uma brincadeira que lhe traz prazer, enquanto explora formas, semelhanças e diferenças, pesos e cores. Algumas vezes quer fazer uma coleção particular com essas coletas. Essas experiências são ímpares para seu desenvolvimento, pois atende às suas necessidades sensoriais.
Importante destacar que brinquedos que estimulam a criatividade devem ser a prioridade. Montar, desmontar, remontar, descobrir o que é possível ”inventar”, é sempre um prazer para qualquer criança. Aproveitar os impulsos naturais pela repetição e pela descoberta é salutar.
Brincar ao ar livre ou mesmo dentro de casa, sem medo de sujar-se tem um valor inigualável. Brincar gera satisfação, que gera saúde emocional.
Devo ressaltar aqui, que a criança não precisa de “muito” para se divertir. Pelo contrário, quando há excesso, ela fica desorientada e não se concentra em coisa alguma, não brinca, perde o foco. Para um excelente desenvolvimento através da brincadeira, devemos sempre lembrar que o pouco organizado é essencial para a criança.
“A criança no período sensório-motor precisa ter oportunidade de explorar o ambiente. Quanto maior for o número de possibilidades de descobertas que ela tiver, maiores serão as possibilidades de construir seu conhecimento e desenvolver sua inteligência”. (Cunha, 2005, p.24).