Nem toda escola nasce de um prédio. Algumas nascem de um gesto silencioso, de uma observação atenta, de um coração que não se conforma em ver a infância sendo tratada com pressa. A Meimei Escola nasceu assim.
Mais do que uma instituição de ensino, a Meimei é o resultado de uma vida dedicada à educação, da Professora Sonia Maria Alvarenga Braga, uma mulher que se descobriu educadora muito antes de pisar numa sala de aula.
Sonia cresceu vendo a mãe dar aulas com amor e paciência. Lembrava, com brilho nos olhos, de como ajudava a preparar os materiais que a mãe levava para os alunos, e como ela sempre ficava até mais tarde com alguma criança que tivesse dificuldade. Foi ali, na simplicidade do cuidado cotidiano, que nasceu o desejo de ser professora.
A mãe, no entanto, via a carreira como algo “doloroso” demais. Incentivou a filha a estudar secretariado bilíngue, já que dominava inglês e francês. Sonia tentou outro caminho: chegou a trabalhar como secretária do diretor de uma grande empresa no Centro do Rio de Janeiro. Era um bom emprego, com bom salário e ambiente respeitoso. Mas o coração não sossegava. Seu sonho era outro.
Três meses depois, foi convocada pela Secretaria de Educação do Estado do Rio de Janeiro. Estava aprovada em concurso. Era hora de decidir. E ela decidiu pelo sonho.
Aceitou o cargo, mesmo ganhando menos da metade do salário anterior. Escolheu uma escola em Guadalupe e enfrentava duas horas de ônibus por dia. A experiência foi rica: assumiu uma turma da 2ª série e a acompanhou até a 5ª série. Ganhou, inclusive, uma afilhada de crisma ali. Depois passou a dar aulas para adolescentes, concluiu a faculdade de Letras e deu aulas em escolas como o Colégio Bennette e o Colégio Metropolitano.
Ao mesmo tempo, sua trajetória ia se ampliando. Começou a dar aulas de francês na Alliance Française, na Tijuca, graças à fluência que possuía. Essa experiência abriu ainda mais portas: foi premiada com uma bolsa de estudos para um curso de aperfeiçoamento em literatura francesa, na cidade de Marselha.
Foi sozinha para a França. Com coragem, coração aberto e sede de aprender. Mal sabia que essa viagem mudaria toda a sua visão sobre educação — e também a sua vida.
Na França, conheceu sua mentora, Madame Christiane Lanternier. Durante conversas sobre as dificuldades da educação tradicional no Brasil, expressou sua tristeza com um ensino mecânico, sem brilho. Foi então que Madame Lanternier a levou para conhecer uma escola.
Era uma escola linda, viva, com crianças livres, ambientes organizados e materiais encantadores. Sonia se emocionou. Chorou. E ouviu da mentora: “É disso que você precisa, minha jovem. Esta é uma escola Montessoriana.”
Foi seu primeiro contato com o método. O espanto virou encantamento. A curiosidade virou estudo. Madame Lanternier passou a orientá-la com firmeza e afeto. Indicou livros, propôs estudos noturnos, visitas diurnas à escola, apresentação dos materiais aos sábados. Ela desenhava, anotava, aprendia. Criava seus primeiros álbuns. Em dois meses, viveu uma verdadeira transformação.
Aos fins de semana, estudavam materiais juntas. À noite, jantavam e conversavam sobre o que havia observado e lido. Madame Lanternier fazia perguntas, provocava reflexões. Era um curso intensivo, mas cheio de significado. As ideias de liberdade, autonomia, respeito ao tempo da criança e autoeducação faziam cada vez mais sentido.
Voltou ao Brasil com livros, anotações e um desejo profundo: abrir uma escola Montessori. E assim começou a nascer a Meimei Escola.
A Professora Sonia começou pequena, em uma casinha na Zona Norte do Rio de Janeiro. O ano: 1977. Poucos alunos. Muitos materiais feitos à mão. Tudo com dedicação, nas noites, nos fins de semana, com apoio de amigos e família. Os primeiros materiais foram aqueles que ela mesma desenhou e organizou nos estudos na França. Cada detalhe tinha um propósito, um cuidado.
Recebia as famílias com o mesmo carinho com que preparava as salas. Reuniões eram feitas em casa, com chá, bolos simples e conversas profundas. Explicava como funcionava o método, ouvia dúvidas, acolhia medos. Desde o início, a escuta era parte do trabalho.
O nome Meimei foi escolhido como uma homenagem à educadora Irma de Castro Rocha, conhecida por sua visão humanista da educação. Um nome que traduzia o que Sonia acreditava: que educar é também um caminho de autoconhecimento e formação moral.
Desde o início, um princípio norteava tudo: a educação não é sobre pressa. É sobre presença.
A Meimei cresceu com o passar dos anos. Mas não perdeu sua essência. Famílias encantadas com o trabalho indicavam a escola. Novas turmas se formavam. A estrutura se expandia. Mas o compromisso continuava o mesmo: respeitar cada criança em sua individualidade.
Na Meimei, cada conquista de uma criança era celebrada como um milagre cotidiano. Um laço amarrado com autonomia, um conflito resolvido com palavras, uma apresentação espontânea de um material aprendido — tudo era significativo.
Ao longo das décadas, a Meimei se tornou referência em educação Montessoriana. Mas o cuidado artesanal seguiu intacto. Nada era feito “em série”. Tudo era feito com intenção.
A equipe pedagógica cresceu. Foram formadas novas educadoras. Muitas que ali chegaram pela primeira vez como estudantes, depois como auxiliares, e por fim, como professoras formadas em Montessori. A Meimei virou comunidade.
Seguimos com o mesmo propósito de origem: formar seres humanos curiosos, sensíveis, éticos e preparados para viver.
Porque, mais do que ensinar conteúdos, acreditamos em cultivar vínculos. Mais do que formar alunos, queremos acompanhar trajetórias.
Sabemos que essa história não é só da Professora Sonia Maria Alvarenga Braga. Ela se espalhou. Tocou. Transformou. Hoje, a Meimei é feita de muitas mãos — mas todas guardam, em essência, a centelha acesa lá atrás, quando uma jovem professora viu pela primeira vez uma escola onde aprender era um ato de alegria.
Essa centelha segue acesa.
Meimei Escola
Liberdade para pensar. Espaço para criar.
Há quase 5 décadas, formamos alunos atrás do ensino Montessori, estimulando a independência, a liberdade e as vivências rotineiras na sociedade.